A conclusão do Ensino Médio no Brasil ainda não é uma garantia para todos. Embora o acesso tenha avançado, a etapa final da educação básica segue marcada por desigualdades. Em teoria, esse deveria ser o momento que consolida a formação do estudante. Na prática, fatores como cor, renda e território continuam determinando quem chega ao final dessa trajetória.
Por que isso é importante
Concluir o Ensino Médio não representa apenas um passo formal. A certificação funciona como porta de entrada para oportunidades profissionais, acesso ao ensino superior e maior estabilidade financeira. Por isso, quando essa etapa não se completa, os efeitos se estendem por toda a vida adulta.
Os números ajudam a dimensionar esse cenário. Em 2023, a taxa de conclusão até os 19 anos alcançou 78% entre jovens brancos e 88% entre jovens amarelos. No entanto, os índices caem para 68% entre jovens pretos e 66% entre pardos. No caso dos jovens indígenas, o percentual chega a apenas 59%. Além dessa diferença, outro dado merece atenção. Cerca de 9,8 milhões de jovens de 15 a 29 anos não concluíram a educação básica. Dessa forma, fica evidente que apenas garantir matrícula não é suficiente. Permanência, acompanhamento e condições adequadas de estudo seguem como fatores decisivos.
O que está em jogo
A desigualdade educacional se transforma rapidamente em desigualdade econômica. Trabalhadores com ensino superior recebem, em média, 126% a mais do que aqueles que têm apenas o Ensino Médio. Por consequência, estudantes que não concluem essa etapa partem de uma base mais vulnerável. Essa condição reduz a chance de emprego formal e limita a renda futura.
Além disso, existe uma diferença importante entre frequentar e concluir. Embora 81,2% dos jovens de 15 a 17 anos estejam matriculados no Ensino Médio, muitos enfrentam responsabilidades familiares, longas jornadas de trabalho ou falta de conexão entre a escola e suas necessidades reais. Esses fatores se acumulam e, em muitos casos, resultam no abandono escolar. Nesse sentido, a evasão não pode ser tratada como uma decisão isolada. Ela é efeito de múltiplas pressões.
Como responder a esse desafio
O debate sobre conclusão escolar precisa considerar a diversidade de fatores associados ao risco de abandono. Pesquisas apontam que jovens pretos, pardos, indígenas e de baixa renda enfrentam obstáculos específicos. Nesse sentido, compreender essas diferenças é essencial para dar precisão ao diagnóstico.
Além desse ponto, a experiência escolar influencia diretamente a permanência. Quando a rotina de estudos se distancia das expectativas dos estudantes, a motivação diminui. Estudos sugerem que trajetórias educacionais mais claras, apoio pedagógico e ambientes acolhedores tendem a aumentar a permanência. Ainda assim, cada contexto exige estratégias próprias.
Outro fator relevante envolve o trabalho precoce. Muitos estudantes precisam conciliar estudo e renda, o que aumenta o risco de interrupção. A literatura aponta que incentivos acadêmicos, flexibilização de horários e políticas de permanência podem atuar como fatores de proteção. Ainda assim, não existe solução única. O desafio é complexo e atravessa dimensões sociais, econômicas e pedagógicas.
Para acompanhar indicadores oficiais sobre educação, o IBGE disponibiliza dados atualizados sobre escolaridade no país.
O que você precisa saber
• A conclusão do Ensino Médio no Brasil apresenta diferenças marcantes entre grupos raciais e econômicos.
• Jovens brancos e amarelos têm taxas de conclusão superiores às de jovens pretos, pardos e indígenas.
• Cerca de 9,8 milhões de jovens não concluíram a educação básica.
• A renda média de quem possui ensino superior é 126% maior do que a de quem tem apenas o Ensino Médio.
• Embora o acesso tenha crescido, a permanência e a conclusão continuam sendo os maiores desafios da etapa.