Considerações: A impressão sonora do poema “Navio Negreiro

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Considerações ao ler o poema “Navio Negreiro” em voz alta, é possível perceber uma série de elementos sonoros que contribuem para a construção da atmosfera densa e opressiva do texto. A repetição de palavras e sons, por exemplo, cria um ritmo intenso e agitado, como se a própria narrativa estivesse se desenrolando diante dos nossos olhos. Além disso, a utilização de rimas e aliterações reforça a musicalidade do poema, fazendo com que ele se aproxime, em alguns momentos, de uma espécie de canto trágico.

A metáfora do navio negreiro como uma orquestra

Uma das imagens mais fortes do poema “Navio Negreiro” é a da descrição do navio como uma orquestra irônica e estridente. Essa metáfora é extremamente poderosa, pois permite ao leitor visualizar a embarcação não apenas como um meio de transporte, mas como um instrumento que produz um som dissonante e perturbador.

A orquestra, por sua vez, é uma imagem que remete ao universo da música erudita e da cultura europeia, o que faz com que a associação com o navio negreiro seja ainda mais impactante. Ao utilizar essa metáfora, Castro Alves está demonstrando como a exploração e o sofrimento dos africanos foram incorporados à cultura ocidental, tornando-se parte integrante de uma tradição que valoriza a beleza e a harmonia.

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A caracterização da orquestra como “irônica” e “estridente”

A escolha dos adjetivos “irônica” e “estridente” para caracterizar a orquestra é fundamental para a compreensão do poema. A ironia é uma figura de linguagem que consiste em dizer o contrário do que se pensa, e é muito utilizada por Castro Alves para denunciar a hipocrisia e a crueldade da sociedade brasileira do século XIX.

Já a caracterização da orquestra como “estridente” reforça a ideia de que o som produzido pelo navio negreiro é desagradável e perturbador. Ao invés de serem harmoniosas e agradáveis aos ouvidos, as notas musicais produzidas pelo navio são desordenadas e desafinadas, criando uma sensação de desconforto e opressão.

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A individualização de grupos e pessoas no poema

Embora o poema “Navio Negreiro” faça uso de imagens coletivas, como a da orquestra e a da “multidão faminta”, Castro Alves também se preocupa em individualizar alguns grupos e pessoas. Isso pode ser observado, por exemplo, na descrição do africano que morre de tristeza ao avistar a costa brasileira, ou na menção aos nomes de alguns dos capitães de navios negreiros que praticavam o tráfico humano.

O objetivo dessa individualização é justamente o de humanizar as vítimas do tráfico negreiro e torná-las mais próximas do leitor. Ao se concentrar em indivíduos específicos, o poeta faz com que o horror da escravidão se torne ainda mais palpável, deixando claro que a exploração de seres humanos é uma prática cruel e desumana que afeta vidas individuais.

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Em resumo, a leitura em voz alta do poema “Navio Negreiro” permite ao leitor experimentar a riqueza sonora e musical da obra de Castro Alves, enquanto a análise de suas imagens e metáforas ajuda a compreender o seu poder de denúncia e crítica social. A individualização de grupos e pessoas, por sua vez, é uma estratégia importante para humanizar as vítimas da escravidão e conscientizar o leitor sobre a dimensão humana do problema.

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